Acabei o livro em menos de 24 horas e depois de muitas lágrimas. Tocante. Essa é a palavra para definir o que a gente sente quando lê uma narrativa assim. Principalmente por saber que há muito de verdade por trás da ficção. E nós não fizemos nada. Nós nunca fazemos nada. Vemos o mundo se esfacelar à nossa frente nunca fazemos nada. Matam. Roubam. Corrompem. Estupram. Prostituem. Exploram. E nós todos vamos dormir com a consciência do dever cumprido por termos chegado ao trabalho na hora e saído no tempo certo. Cegos, todos nós. A miséria grassa por toda parte e não é preciso ir à Etiópia ou ao Afeganistão para saber disso.
Nos deitamos em travesseiros macios, em camas cheirando a lavanda e nem ao menos nos perguntamos "o que eu poderia ter feito?" Na verdade, nada. Não pudemos fazer nada. Não podemos fazer nada. Nunca poderemos fazer nada. Pelo menos nada mais que uma prece, pedindo a Deus que se compadeça de todas as dores e nos perdoe pelo nosso egoísmo.
Quantas Mariams e Lailas existem nas casas ao lado das nossas? Ninguém sabe, ninguém vê, ninguém se dá conta de que a humanidade se repete e é igual, seja qual for o credo, raça ou cultura. É o mais forte subjugando o mais fraco e este mantendo-se calado para sobreviver.
Mesmo que seja apenas para ter um pouco de paz. Ou para ser aceito em seu grupo. Ou manter seu emprego. Ou poder desfrutar de uns poucos minutos a mais da companhia de alguém querido.
"O homem fala, o sábio cala o tolo discute", diz o provérbio popular. Mas como diria Nuria Monfort, "há prisões piores que as palavras."
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