
Sexta Feira da Paixão, Dia Santo de Guarda. Foi-se o tempo em que as rádios ficavam fora do ar ou só tocavam músicas sacras. Na TV só passavam filmes religiosos, nenhum estabelecimento comercial abria, não se mexia com dinheiro e nas casas todos falavam baixinho. Homens não faziam barba, não usavam qualquer tipo de ferramenta (martelo e pregos, de forma alguma), mulheres não faziam o serviço doméstico, a não ser o de preparar os alimentos: bacalhau ou qualquer outro tipo de peixe. Varrer a casa nesse dia, nem pensar! Tudo tinha um ar austero e pesado, de luto mesmo. Hoje as coisas são diferentes e a mais importante data cristã transformou-se no "Feriadão da Páscoa". Supermercados, padarias e até o boteco da esquina ficam abertos.Com exceção do cardápio, tudo mudou. O "sacrifício" de não se comer carne vermelha nesse dia, virou a própria Festa do Bacalhau. Todo mundo já prepara com antecedência o banquete da Sexta-Feira Santa, as famílias se reúnem para babar em torno das travessas fumegantes, tudo regado a vinho e azeite. Claro, estou generalizando e corro o risco de ser injusta.
Mas nem tudo está perdido. Com um pouco de boa vontade e muita coragem, ainda dá tempo de ir à procissão, ver e ouvir o canto triste da Veronica, se emocionar com a dolorosa história contada e recontada há cerca de dois mil anos. Quanto a mim, pecadora por força das circunstâncias, levantei cedo, limpei a casa (enquanto Rosey não vem), almocei com a família, assisti as novelas e estou me distraindo na net.
A procissão deve estar acabando. Gostaria de ter ido. Não tive forças. Mas Ele sabe que meus pensamentos se elevaram, pedindo perdão por tudo o Lhe que foi feito há dois mil anos. Ele sabe o quanto meu coração de mãe é solidário com a dor que Maria sentiu. E que, mesmo não comparecendo aos ritos e cerimônias, guardo na alma a emoção e a tristeza desse dia.
Sexta-Feira da Paixão. Dia Santo de Guarda. Dia de pensar no mais intrigante mistério presente no mundo há dois milênios. Eu creio. Uma mentira não duraria tanto tempo.
Sexta-Feira da Paixão. Dia Santo de Guarda. Dia de pensar no mais intrigante mistério presente no mundo há dois milênios. Eu creio. Uma mentira não duraria tanto tempo.
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