sábado, junho 30, 2018

Há 52 anos você foi embora e eu nem tive tempo de me despedir. Não tive tempo de brincar com você, de te ouvir contar histórias, de partilhar anseios, de ver seu olhar brilhar de orgulho por mim. Você foi embora e eu nem entendi direito o que aconteceu. Não me lembro de ter chorado, só me lembro da sensação estranha de enjoo no estômago, de um gosto metálico na boca, do medo pelo futuro incerto. Hoje, estranhamente, depois de tantos anos, senti saudade. Não sei bem se de você ou se da criança que eu era. Hoje, depois de tantos anos, as lágrimas vieram intensas, doloridas, queimando meu rosto, deixando meu coração apertado, como deveria ter sido há tantos anos, mas não foi. Hoje eu queria poder te pedir perdão por nunca ter tido a dimensão da sua perda, por só agora ter chorado e por só ter, ao longo dos anos, pedido  sua ajuda e proteção. Hoje, mergulhada em dor, vou fazer uma oração por você. E vou pedir para que esteja bem, seja onde for, para que não sofra com o meu sofrimento, mas que se alegre pelas minhas vitórias. Hoje, paizinho, quero apenas o seu amor, o seu carinho e sua compaixão pelos meus inúmeros erros. Fique bem, papai. Tenha a certeza de que nunca o esqueci e se hoje choro tanto, é de saudade, é de amor, é de vontade de te abraçar e pedir mais uma vez: olhe por nós, que precisamos tanto!.

quinta-feira, janeiro 11, 2018

Te amarei de janeiro a janeiro, até o mundo acabar

E hoje, depois de quase dois meses, vi uma foto sua. Cortou o cabelo, tirou a barba, está com ar saudável. Mas seus olhos, ah,seus olhos!! Seu olhar está triste. E eu queria tanto que você fosse feliz!! Era tudo o que eu mais queria!! As coisas se precipitaram, se atropelaram, de repente tudo ficou confuso e fora de controle. E embora você não saiba, não tive culpa disso, Deus sabe que não tive. Tive muito medo. Medo de que tudo acabasse de repente, medo de perder você. Talvez você jamais descubra o quanto sofremos aquele dia, o tamanho da nossa dor. Talvez você jamais compreenda com clareza tudo o que se passou e qual é toda a verdade. E de tanto medo de perdê-lo, acabei perdendo. Uma parte do meu coração morreu e morre a cada dia. Não é culpa sua, ou minha, ou de quem quer que seja. Talvez nós nunca mais nos falemos, nunca mais nos vejamos. Talvez eu nunca consiga dizer a você o quanto te amo e amarei para sempre, independente do que aconteceu ou vier a acontecer. Talvez você nunca venha a saber que abri mão de estar com você e que deixei que você pensasse que a culpa de tudo era minha para que você pudesse ter a chance de estar com alguém que ama e que também ama você. Não mais que eu, isso ninguém!!! E hoje, ao ver sua foto, ao ver a tristeza em seu olhar, pensei em como éramos felizes e em como tudo poderia ter sido diferente. Talvez eu não tenha sido forte e lúcida o suficiente para perceber   o quanto você precisava de ajuda. Agora é tarde, tudo se perdeu. Mas vou continuar esperando o dia em que iremos nos abraçar novamente, mesmo que em outra vida. Porque vou continuar amando você com todas as forças do meu coração, com toda a minha alma, para sempre, para além do sempre, para a eternidade. 

quinta-feira, janeiro 04, 2018

Um dia feliz às vezes é muito raro...

E hoje o dia foi bom. Como há muito tempo não era. Parou a chuva, amanheceu um lindo dia, quente e ensolarado, perfeito!! As "meninas do Fundamental" vieram aqui, para o nosso encontro e foi tão bom!! Só faltou a Dani, que não pôde vir  porque precisou levar a mãe ao médico, parece que é alguma coisa meio complicada. Mas vieram as outras: Angeliza, Nádia, Gisela, Sílvia, Lucinha. Trouxeram as crianças, foi ótimo, eles se divertiram muito!! E nós pudemos conversar, rir, relembrar nosso tempo na coordenação, falar sobre nossas vidas agora...E trouxeram bolo, cantamos parabéns e naquela hora eu senti que tive minha primeira festa de aniversário de verdade, como eu sempre quis, sem preocupação com etiquetas, sem cerimônias, ao lado de pessoas amigas, do bem, que estavam aqui porque gostam de mim e não por obrigação, para cumprir uma formalidade. Depois que todos foram embora a Lucinha ficou, conversamos por horas!! Foi tão bom, e eu precisava tanto!! Por algumas horas esqueci a dor, a tristeza, o vazio desesperador. Por algumas horas esqueci a mágoa de ser apenas útil quando necessário e descartada quando ninguém precisa de mais de mim. Por algumas horas me senti querida. Foi bom, foi muito bom. Fui feliz, estou feliz. E até já começo a acreditar que, de repente, as coisas podem dar certo...

quarta-feira, janeiro 03, 2018

Você já desejou ficar sozinho? Assim, sem conversar com ninguém, ser ver ninguém, como se estivesse numa ilha deserta, tal como Robinson Crusoé? Pois esse tem sido o meu desejo. Minha alma sangra e não consigo me recuperar se não ficar só, pra não precisar sorrir e nem fazer de conta que tudo está bem. Mas estranhamente, quando a gente está mal, as pessoas acham que a gente precisa de distração. Não eu. Eu só preciso de silêncio e de sossego. Só preciso ficar sozinha comigo mesma por um tempo. Vai passar, eu sei que vai. Mas por enquanto eu só queria estar só. Sem visitas, sem ter que sair, sem ter que atender o telefone, sem ter que explicar nada a ninguém, sem ter que ouvir coisas que acabam me deixando pior. Conversas atravessadas, se fala de um ou se fala do outro ou se fala dos dois, afinal, nada é mais importante. Por que as pessoas simplesmente não calam a boca? Tudo o que eu não preciso nesse momento é saber que pela enésima vez, foram (e vão) almoçar fora, mas ninguém lembrou de me convidar. Tudo o que eu não preciso agora são meias palavras de consolo (ou de interrogação), tudo muito bem disfarçado, para que eu não perceba que toda a história foi repassada, numa total falta de respeito à minha privacidade e à minha dor. Não quero falar com ninguém sobre nenhum assunto. Não quero ver ninguém. Quero estar só. E chorar todas as lágrimas do meu corpo, até que sequem.  Sem ter que ver expressões de pena ou ouvir clichês de consolo. Quero ficar só. É só o que eu quero.

segunda-feira, janeiro 01, 2018

Ano Novo pra ser novo tem que ser diferente. Não basta jogar fora (com alívio!!) o calendário de 2017 e inaugurar com alegria o de 2018. Não adianta fazer promessas que jamais serão cumpridas e desejar para o outro votos de uma felicidade que você não tem. Descarte os risos fáceis e falsos na ilusão da meia-noite. Por que não chorar,  se sua alma está triste? Ano Novo, pra ser novo, tem que ser sincero. Não faça nada pela obrigação de seguir o "sempre foi assim". Mas mantenha as tradições que fizerem sentido - e apenas essas!! Use as cores do seu orixá, do seu herói preferido, do seu time de futebol, do arco-íris, se assim desejar. Comece seu ano agradecendo, não o que passou, mas o que está por vir, e que a gente nem sabe bem o que é, mas que de certo será bom. Perdoe a si e ao outro, mude o rumo, mantenha a direção.  Não deixe que a urgência da vida atropele o sentimento. Mas também não deixe que a urgência do sentimento atropele a vida. Não deixe a tristeza, a mentira ou a culpa envenenarem  sua alma e seu coração. Tenha (pelo menos um!!) amigo verdadeiro, desses pra quem você pode ligar às 3 da manhã no inverno e ele irá te ouvir. Desses que, diante do seu silêncio, adivinha sua alma e larga tudo pra ir ter com você. O Ano Novo não precisa ser alegre, não precisa ser branco, não precisa ser iluminado. O Ano Novo só precisa ser novo. E para ser novo, ele precisa ser verdadeiro. Porque já estamos todos cansados de viver nos palcos uma vida que não é a nossa, que não é a que queremos ou a que sonhamos. Porque o Ano Novo, assim como nós, acaba e fica velho e morre. E você aí, sem cantar nem dançar só porque a música da festa não está na sua playlist. Feliz Ano Novo. Adeus, vida velha. E pra quem acordou agora, para 2018 ou para vida, Bom dia, Vietnã!!

terça-feira, dezembro 19, 2017

Já é quase Natal

Já é quase Natal e ainda não armei minha árvore. Não coloquei as luzes na frente da casa, não tirei os enfeites das caixas. Vou fazer, mas não tenho vontade. Pensei em comprar uma árvore nova, mas a antiga tem pra mim tanto significado!! Está velhinha e amassada, mas cada galho, cada enfeite está repleto de memórias de união, afeto e solidariedade. Compramos há exatos 20 anos... Estávamos iniciando um novo ciclo em nossas vidas, e a antiga árvore (como essa, agora), também estava repleta de vinte anos de memórias, que decidimos esquecer. Vivíamos tempos difíceis... Corremos para comprar a última da loja e uns poucos enfeites que nossa "vaquinha" permitiu. Não tínhamos carro, e no caminho para casa caiu um dilúvio, que nos fez esperar por por horas, escondidos na garagem de uma casa.  Por fim, como a chuva não passasse, fomos embora assim mesmo. Chegamos em casa encharcados, a caixa derretendo debaixo da camiseta do Júlio. Rimos muito, felizes com a árvore nova. Desde então tem sido ela... Mas de novo lá se vão vinte anos... E de novo estamos iniciando um novo ciclo. Muito mais doloroso, desta vez. Não quero mais essa árvore. Não quero mais olhar seus galhos e lembrar dos Natais passados, de riso fácil, amor e cumplicidade. Não quero mais tudo como antes, porque algo se quebrou aqui dentro. E embora eu creia que isso tudo (um dia) irá passar, não quero mais essa árvore. Quero outra, nova, cheia de esperança em tempos melhores, cheia de esperança em de novo estarmos juntos no Natal, pendurando os enfeites, rindo do pisca-pisca embaraçado, torcendo para os gatos não destruírem tudo antes da meia-noite. Éramos quatro, depois três, e agora dois. Só espero que não chegue o dia em que arrumarei tudo sozinha e sozinha erga um brinde em silêncio, e em silêncio abra meu único presente, de mim para mim mesma.

segunda-feira, dezembro 11, 2017

De volta

Depois de tanto tempo (quanto, mesmo?) retorno. É bom voltar a registrar as memórias, antes que se apaguem. Editei o tema, o layout, mudei a foto. Voltei por sentir novamente a necessidade de abrir a alma, de conversar comigo, de sentir que sim, tenho uma história, construída com erros e acertos, com tropeços e caminhadas, com sucessos e fracassos. Mas em todos os dias, mesmo nos mais dolorosos, nunca me faltou a certeza de que alguém vela por mim, em algum lugar desse cosmo infinito. Como já disse aqui, em algum momento, escrevi diários por três anos. Depois migrei pra cá, e aqui fiquei por outros dois, talvez três...depois parei, escrever no Facebook era suficiente para dar conta dessa sede. Não vou relatar aqui os motivos que me fizeram voltar. Esses, vão ficar registrados num outro diário, bem guardado até o fim dos dias.
E foi preciso ler todos os mais de mil e cem registos dos diários e tooodas as postagens neste blog para que eu pudesse novamente encontrar a minha essência e saber quem de fato sou eu, na verdade.
Foi bom ter escrito. É bom voltar a escrever. Um dia, quem sabe tudo fará sentido. Hoje não. Mas um dia...