quinta-feira, outubro 29, 2009

Octópus

Tem hora que penso se não há algo de errado com a evolução das espécies. Vejam os macacos: tão pouco a fazer na vida e utilizam duas mãos, dois pés e uma cauda para pegar e carregar as coisas.
Acho que as mães deveriam ser octópodes. Nós, professores, também. Só mesmo tendo oito braços para dar conta de tudo...
Li em algum lugar (deve ter sido em um desses e-mails cheios de filosofia): Quanto menos tempo eu tenho, mais coisas consigo fazer. Pior é que é verdade. E é aí que mora o embrião do stress.
Como estar em dois lugares ao mesmo tempo? Como conciliar todas as tarefas e desempenhá-las corretamente? Tá, eu sei que no fim tudo vai dar certo, mas até lá a cabeça da gente ferve. Não vejo a hora de aposentar e não ter nada pra fazer. Não vejo a hora de que chegue logo o próximo ano e tudo recomece. Viver  nesse eterno paradoxo é o que me move para frente, por isso não paro, assumo mil tarefas, desejo que o dia tenha quarenta e oito horas, que a semana tenha dez dias, que toda quarta-feira seja feriado e que eu acorde com oito braços e duas cabeças ou que, no mínimo, possa enviar meu clone para uma das reuniões.
O computador já virou extensão da minha memória, que é essencialmente escrita. Mas, ao contrário do que possa parecer, não sou uma workaholic nem tenho síndrome de burnout, já que nos fins de semana literalmente chuto o balde e esqueço que o trabalho existe.  Adoro os feriados e não trabalho meesmo. Por isso estou sempre sobrecarregada durante a semana. Mas os fins de semana...ah, esses são sagrados. E para os fins de semana, oito braços e duas cabeças seriam excelentes para dar conta das tarefas mais difíceis: afagar os gatos, comer guloseimas, operar o controle remoto, ler e assistir filmes... =D

Hoje, para nossa (quase) surpresa, veio o e-mail decretando a sexta como facultativo. In-crí-vel!!! Jamais pensei que ele fosse assinar, já que seu divertimento favorito é aborrecer os servidores (que ele declaradamente detesta). Esse foi um verdadeiro milagre, que eu sabiamente aproveitarei. Afinal, não tenho oito braços nem duas cabeças. Sou sim, igualzinha a todo mundo, uma simples mortal que só precisa praticar um pouco mais a arte de dizer "não".

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