terça-feira, outubro 18, 2011

Tudo está posto.


Tem dia que o silêncio pesa. Tem dia que é uma bênção.

Hoje, o silêncio bem-vindo como uma manhã de sol depois de dias de chuva, me afaga os ouvidos com a maciez do veludo.
Penso na fragilidade das coisas, na efemeridade da vida, na insignificância do que somos diante da imensidão  e do caos do universo.
Nada é para sempre, e a gente só se dá conta disso quando de repente a vida parece parar diante do espanto. 
Hoje eu queria a mesma alegria e esperança no futuro que aqueciam meu coração no dia do Tanabata Matsuri.
Hoje eu queria a certeza da imutabilidade que sempre se descortinava nos Natais e festas de Ano Novo.
Hoje eu queria a rotina monótona dos domingos, as horas paradas, o tempo suspenso.
Hoje eu preciso me reorganizar, me refazer, me reestruturar; esquecer o passado, apagar o presente, desviar do futuro.
A certeza é frágil, os dias longos, o vazio imenso. E tudo me parece tão grande, tão longe, tão difícil.
Por isso o silêncio é bem-vindo. As palavras secaram e emudeceram a alma.
O sonho há tanto tempo acalentado parece agora descorado e vulgar, como cortinas gastas pelo tempo.
Não há mais motivo, não há mais coragem.
Não há mais o que dizer. 
Tudo está posto.

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