terça-feira, dezembro 19, 2017

Já é quase Natal

Já é quase Natal e ainda não armei minha árvore. Não coloquei as luzes na frente da casa, não tirei os enfeites das caixas. Vou fazer, mas não tenho vontade. Pensei em comprar uma árvore nova, mas a antiga tem pra mim tanto significado!! Está velhinha e amassada, mas cada galho, cada enfeite está repleto de memórias de união, afeto e solidariedade. Compramos há exatos 20 anos... Estávamos iniciando um novo ciclo em nossas vidas, e a antiga árvore (como essa, agora), também estava repleta de vinte anos de memórias, que decidimos esquecer. Vivíamos tempos difíceis... Corremos para comprar a última da loja e uns poucos enfeites que nossa "vaquinha" permitiu. Não tínhamos carro, e no caminho para casa caiu um dilúvio, que nos fez esperar por por horas, escondidos na garagem de uma casa.  Por fim, como a chuva não passasse, fomos embora assim mesmo. Chegamos em casa encharcados, a caixa derretendo debaixo da camiseta do Júlio. Rimos muito, felizes com a árvore nova. Desde então tem sido ela... Mas de novo lá se vão vinte anos... E de novo estamos iniciando um novo ciclo. Muito mais doloroso, desta vez. Não quero mais essa árvore. Não quero mais olhar seus galhos e lembrar dos Natais passados, de riso fácil, amor e cumplicidade. Não quero mais tudo como antes, porque algo se quebrou aqui dentro. E embora eu creia que isso tudo (um dia) irá passar, não quero mais essa árvore. Quero outra, nova, cheia de esperança em tempos melhores, cheia de esperança em de novo estarmos juntos no Natal, pendurando os enfeites, rindo do pisca-pisca embaraçado, torcendo para os gatos não destruírem tudo antes da meia-noite. Éramos quatro, depois três, e agora dois. Só espero que não chegue o dia em que arrumarei tudo sozinha e sozinha erga um brinde em silêncio, e em silêncio abra meu único presente, de mim para mim mesma.

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